17/08/2012
Com mais de 20 anos no setor sucroalcooleiro, eu pude notar nos anos recentes que o aumento dos custos de produção deixaram o setor sucroalcooleiro do Brasil menos interessante para os investidores. Em um artigo de 19 de julho no jornal “The Autralian” há uma informação sobre um investimento Chinês no Oeste Australiano para uma destilaria de capacidade de 440 milhões de litros/ano para atender o consumo Chinês. Tais grandes destilarias seriam mais fácil de compreender no Brasil onde há terra fértil e base instalada de supridores de equipamentos ao setor; e não no oeste da Austrália onde o clima é muito árido. Me pergunto qual a razão para o nosso aumento de custos e, consequente, desincentivo à atração de investimentos? Dentre as muitas razões está uma pouco comentada: a lentidão do sistema judiciário em resolver disputas. Ou seja, um bom exemplo é o caso de um proprietário de imóvel que tenha um locador que não paga o aluguel. Para que tenha uma disputa judiciária e finalmente despeje o locador custa tempo e, consequentemente, dinheiro. Assim é melhor cobrar caro daqueles locadores que lhe pagam em dia para compensar os que irão atrasar o aluguel. Isto se aplica também na legislação trabalhista, ou seja, um setor que tenham uso intensivo de mão de obra, como o sucroalcooleiro, sofre aumento de custos porque a legislação trabalhista (leia-se CLT) é de difícil aplicação e a solução nos tribunais tem ficado mais custosa a cada dia que passa.
O mundo atual é pragmático e não ideológico, a globalização faz com que os países tenham necessidade de equalizar os custos do Estado para que o lucro das empresas instaladas neste país sejam semelhantes ou melhor do que o lucro da mesma empresa instalada no país vizinhos. Assim, quando podemos ler no jornal Australiano que o Brasil perdeu competitividade na produção de açúcar: “Onde supply side, Brazil, still the word’s biggest sugar exporter, is coming back to the field as its labour cost mount, and on the demand side there has been a massive build-up in Autralia’s closest market in Asia”, devemos rever nosso conceito e buscar realinhar o país para com o mundo atual.